14/06/2014

revolta e meia tamo ai,


tu, eles, vós,
devia antes de mais nada,
antes de tudo,
olhar o fundo do teu poço
e (se) refletir
( se ainda houve água
em ti)
" minha fala
é falta
ou excesso
feito todo
o resto?"

Ando pelas ruas
molhadas
e efervescentes
e vejo rosto cansados
esmagados torturados
pelo inferno dos outros
e os de si mesmo
vagando correndo
por ônibus amores oportunidades futuros
e no tiquetaquear
um lampejo que vem
como bala perdida
de casa.

Vejo os olhos cegos
de pupilas multicoloridas
andarem com meia duzia
de palavras no bolso
e armar um porto-seguro
que ninguém segura.
Homens coçando barrigas
e o culhões
progredindo
e regredindo
Mulheres beijando os santos
com bocas pornograficamente
vermelhas
progredindo
e regredindo
Crianças com luz nos ouvidos
ouvindo um canto metálico
progredindo
e regredindo
Moças vociferando
de topless na praça publica
progredindo
e regredindo
Rapazes tragicomediantes
perambulando se revoltando
progredindo
e regredindo.

e o messias do asfalto
divino de auras brancas
luzes zelosas
oblitera
o disco arranhado
a figurinha repetida
a vozinha que ecoa
a sirene que ruge
o outdoor camuflado
a espreita calada
os olhares em pano noturno
ergue as mãos
ao alto
e o céu
azul cobalto
seca
o verbo
semi-novo.

e meu vira-lata,
pós modernista que é,
levanta a tampa
e mija no caos
em expansão.