28/06/2014

Em branco


Regi
na folha esbranquiçada
fina
pálida
de pavor
um corte,
um traço,
um risco
que se estende até a beira.
eu a risco
com a ponta dos dedos
banhados em tinta quente.
eu arrisco
a ideia vaga
navegante do ar
na carne clara
palpável de papel
eu arisco
solto os cachorros
na rua
domesticada
sem risco
de morte.
E o corpo se ergue
entre traços e garranchos
sobre a claridão
da folha.
No desdobrar do tempo
se dobra, se cobra
vira barquinho
de papel
e zarpa
mundo
afora.